Jota Quest em POA: O sol quase não esteve presente, mas a empolgação sim

Jota Quest em POA:
O sol quase não esteve presente, mas a empolgação sim
Por Matheus Piovesan
06 de September de 2006
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"Bah tchê, tri loco”. Foi esta a mensagem que o Jota Quest deixou aos fãs gaúchos no final da coletiva de imprensa realizada no dia 30 de agosto no Hotel Sheraton, Porto Alegre. Os mineiros vieram ao Rio Grande do Sul para gravar o segundo DVD ao vivo da banda, que está completando 10 anos de carreira. O show foi realizado no Anfiteatro Pôr-do-Sol no domingo, 3 de setembro, com entrada franca.

O espetáculo seria realizado no dia 2, sábado, mas as rajadas de vento de 80 km/h derrubaram a estrutura do palco. Quem foi, teve de voltar para casa. A transferência de dia foi divulgada muito em cima do horário do show e quase não foi noticiado na TV. No meio da apresentação, no domingo, Rogério Flausino se desculpou e agradeceu quem veio no dia anterior ao Anfiteatro.

A entrevista esteve recheada de bom humor e o tema central foi o da gravação do novo DVD da banda, que registra a turnê do álbum “Até Onde Vai”. O tecladista Márcio Buzelin afirma que este projeto não é um resgate da banda, como foi o “MTV Ao Vivo Jota Quest”, lançado em 2003, mas o simples registro da turnê. Marco Túlio completa: “É mais para marcar o momento deste último disco”.

“Este DVD é para selar a boa história que temos com os gaúchos”, explica Marco Túlio. O Rio Grande do Sul foi o primeiro Estado fora de Minas Gerais em que fizeram uma turnê. “E fomos super bem recebidos aqui”, relembra Márcio Buzelin, baterista. Marco ainda comenta da grande empatia que possuem com a cidade e sobre a energia que trocam há 10 anos. A banda ressaltou as apresentações memoráveis em locais muito representativos como o Bar Opinião, o Gigantinho e o Planeta Atlântida (realizado na praia de Atlântida).

O show será documentado em um DVD que estará nas lojas para ser comercializado no final de outubro, provavelmente. Neste disco haverá um making off deste espetáculo, bem como um documentário sobre a carreira do Jota Quest hoje. Este último mostrará os bastidores do Rock In Rio Lisboa 2006, além de outras apresentações.

Marco Túlio, guitarrista, avaliou a cena musical do Rio Grande do Sul: “Aqui tem umas coisas diferentes do resto do Brasil, uma auto-suficiência cultural muito grande”.

Numa comparação dos dias atuais em relação ao início da carreira, a banda comenta sua evolução: “Hoje temos um leque amplo no que diz respeito à música”, comenta Túlio. O desenvolvimento musical é evidente: a mistura de eletrônico, com black music, rock e pop deu muito certo. Márcio ainda lembra uma melhoria de postura por parte da banda: “Até porque hoje muitos de nós somos casados”. Rogério conclui o pensamento: “O que nós podemos fazer com a nossa banda para nós e para os outros mudou completamente”.

O Show

A faixa que abre o último cd “Até Onde Vai” foi justamente a que abriu o show às 18:10 no dia 3 de setembro de 2006. Com uma letra bem empolgante e batidas fortes no início, “Libere A Mente” manda todo mundo para o baile. Uma letra perfeita para abertura de um espetáculo.

Em seguida veio “Além do Horizonte” cantando o lugar perfeito para se estar. A sai-do-chão “Na Moral” botou as 50 mil pessoas presentes no Anfiteatro Pôr-do-Sol para pular.

Algumas músicas depois, após empolgar o público, chegou enfim o momento de tocar “O Sol”, mas o principal ingrediente deste cenário já tinha ido embora. Mesmo assim, a letra de auto-ajuda e o colorido azul marinho com roxo no céu tornou este momento inesquecível.

Antes de cantar mais uma música, Rogério agradeceu o fato de nenhum problema ter ocorrido com relação à violência e possíveis intervenções da polícia. “A única ocorrência foi o de uma mulher que entrou em trabalho de parto”. E brincou: “Qual será o nome da criança?”. O público respondeu: “Rogério”. E ele revidou “Rogério não, porque rima com mistério, cemitério...”

Bandeiras do Grêmio, Internacional e Rio Grande do Sul foram balançadas da platéia mostrando o orgulho de ser gaúcho. E não foi só nesse momento que os porto-alegrenses se manifestaram. O sempre presente “Ah, eu sou gaúcho” foi gritado por todos. Rogério, empolgado falou “Ah, eu sou minerúcho”, uma mistura de mineiro com gaúcho.

Para a música “Palavras De Um Futuro Bom” foi exibido no telão um vídeo que dá um sentido maior à letra. Letras eram exibidas como se estivessem caindo e, aos poucos, iam formando palavras como “fraternidade”, “beijo”, “amor”, “compaixão”, “esperança”, “vida”, “liberdade” e “união”. O contexto todo da música unido ao que era mostrado no telão emocionou milhares de pessoas. Um grande momento que se transformará em videoclipe e será veiculado em programas de música.

Clipes, aliás, é uma parte do trabalho que não agrada a Marco Túlio. Já Rogério Flausino diz que adora, mas que sempre acaba atrapalhando as idéias do diretor. O baixista PJ comenta que são péssimos em clipes. “Todas as vezes que a gente se envolveu no clipe, estragamos”, relembra Márcio.

Para fechar este espetáculo, após 17 canções: “Até Onde Vai”. Esta música é considerada pela banda aquela que reúne todas as influências e características deste último álbum. Mas quem pensava que depois dela tudo acabaria se enganou porque Rogério Flausino voltou ao palco e avisou: “Vocês vão ter que ter paciência porque vamos ter que repetir um monte de músicas. Erramos entrada e final do show, além de algumas letras”. E intimou a platéia: “Quem tinha compromisso depois, vai ter que ficar aqui com a gente”. Muito alegres com a notícia, as 50 mil pessoas reagiram com gritos.

“Do Seu Lado”, “Palavras de um Futuro Bom” e “Libere a Mente” foram algumas das oito músicas repetidas. Depois de tudo voltaram ao palco de mãos dadas e abaixaram-se em sinal de agradecimento ao público pela noite maravilhosa. E a platéia devia ter feito o mesmo porque a coleção de sucessos e novidades desta banda mineira agitou demais todos que estavam presentes.

Se, como diz Rogério “A diversão é a chave do negócio”, com certeza todos os presentes se divertiram. E muito.