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Evoluir é preciso

Por Marcos Paulo Bin

14/01/2007

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Gravar DVDs tem virado uma rotina para o Jota Quest, desde que estreou no formato, em 2003, com MTV Ao Vivo. Para comemorar os 10 anos de seu primeiro CD, J. Quest, a banda mineira gravou, em setembro de 2006, o DVD Até Onde Vai (Sony-BMG), que registra a turnê de seu mais recente e homônimo disco de estúdio.

Este é o quarto DVD do Jota Quest, o terceiro ao vivo (o outro é de videoclipes). Diferentemente do anterior, o experimental Rio de Janeiro 28/01/2005, Até Onde Vai segue padrões internacionais: a gravação aconteceu num fim de tarde – horário muito usado pelas bandas no exterior – e no palco havia uma grande estrutura de som e imagem, com um painel gigante similar ao utilizado pelo U2

Depois de Belo Horizonte (cenário de MTV Ao Vivo) e Rio, Rogério Flausino (voz e violão), Marco Túlio Lara (guitarra), PJ (baixo), Márcio Buzelin (teclados) e Paulinho Fonseca (bateria) escolheram como locação a cidade de Porto Alegre. O show foi realizado ao ar livre, no anfiteatro Pôr-do-Sol, diante de 50 mil pessoas.

“A idéia de registrar um show em formato DVD, na capital gaúcha, é bem antiga”, conta o vocalista Rogério Flausino, em texto de divulgação. “Ainda em 1996, quando lançávamos nosso primeiro CD, fomos recebidos de forma inesquecível pelos gaúchos e criamos raízes.”

No DVD, o grupo dá um merecido descanso a canções batidas como Fácil, Só Hoje e Amor Maior. Metade do repertório foi pinçado do CD Até Onde Vai, incluindo as releituras de Além do Horizonte (Roberto e Erasmo Carlos) e O Sol (Tianastácia) e as autorais Palavras de um Futuro Bom e Já Foi. A elas juntam-se antigos sucessos como Na Moral, As Dores do Mundo e De Volta ao Planeta.

Documentário revela “traumas”

O show é curto. São apenas 14 músicas, pouco para o padrão dos DVDs atuais. O jota Quest perdeu a oportunidade de apresentar novas leituras para músicas menos conhecidas ou sucessos que não foram registrados nos outros dois DVDs, como Onibusfobia, um de seus primeiros hits, gravado naquele primeiro disco, e o cover para Um Raio Laser, de Pepeu Gomes, do execrado CD Oxigênio.

Aliás, no documentário “20%”, que acompanha o DVD, Rogério Flausino revela que o Jota Quest ainda sofre para mostrar que não é uma banda fake, depois do fracasso de Oxigênio, lançado em 2000. Na época, o grupo foi massacrado pela crítica por causa da letra tola de Tele-fome, que chegou a fazer sucesso no rádio mas mesmo assim foi banida do repertório do grupo. Até hoje, os mineiros só aproveitam daquele disco as baladas Dias Melhores e O Que Eu Também Não Entendo, regravadas em MTV Ao Vivo e, agora, em Até Onde Vai.

Esse depoimento do vocalista é o momento mais interessante do documentário, cujo título faz referência à união do quinteto (segundo eles, tudo que recebem é dividido igualmente, 20% para cada um). Com uma hora de duração, o filme é muito longo e o conteúdo pouco acrescenta. Poderia ter sido facilmente encurtado para dar espaço a mais músicas. Outra falha do DVD, que ainda vem com três videoclipes nos extras, é a ausência de legendas.

A principal mensagem do disco está no show. Misturando músicas antigas a outras mais novas, o Jota Quest mostra que, musicalmente, evoluiu bastante nos últimos anos, mas ainda precisa amadurecer nas letras.

Para continuar se aproximando do rock, tendência evidente no CD Até Onde Vai, é necessário perder um pouco da ingenuidade e da imagem de uma banda politicamente correta em excesso. Pular cantando que “o amor é o calor que aquece a alma” é legal, mas nem tudo na vida são “palavras de um futuro bom”.